Ruas de Alcobaça, toda a gente num pulsar contínuo. Uns mais vivos que outros. Nostalgia. Um recordar sobre gente como víscera da bola gigante e azul. Calor e povo. Pessoas surpreendidas nas praias dando as mãos com pouca dificuldade. É que platéia de intervenção urbana reage assim: ora distante, ora de mãos dadas com o ator.
Nas cidades litorâneas, sobretudo em algumas praias da Bahia, mesmo um observador distante parece possuir vida. Há quem esteja pulsando com tanta intensidade que parte para o jogo cênico com inteireza e que sob sol escaldante reage aberto, exposto, jorrado por intuição, água do mar, sol, areia e às vezes, um pouco de álcool. Quando muito, joga ou atrapalha.
Praia tem dessas coisas. Quando a escolha de um lugar estratégico é feita - longe dos carros de sons potentes e próximo da gente que cede aos olhares - a reação interna é: Ali! Vou fazer uma apresentação ali!
Para a primeira apresentação do dia montei o circo na frente do público. Pedi licença ao senhor da cerveja e ao garoto do queijo. Dividi mesa com eles. A melhor delas, posicionada estrategicamente como um palco improvisado. Nela fiz maquiagem, calcei meias e sapatos, vesti figurino, troquei olhares, agucei curiosidades. E foi assim, recordando Chacovachi, palhaço argentino que faz isso tão bem, que preparei a arena.
Instrumento, cantiga e história. No meio dela um senhor cruza a cena e se posiciona entre mim e o público. Me fita os olhos e se mantém paralisado. Um duelo! Mas com a chegada do terceiro boi, um grito: NASCEEEEEEEEEEEU! NASCEEEEEEEEEEU! Ameaças de chifradas fazem o homem correr e esconder os fundilhos.
Um comentário:
Viva! Maraviva, meu velho! Obrigado pela pronta resposta! MatulaViva!
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