segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Interesse mercadológico


O Governo do Estado da Bahia realizou nesta segunda-feira, dia nove de agosto, a videoconferência Cultura e Desenvolvimento Sustentável entre 09h00min e 12h00min da manhã e promoveu bate papo entre pessoas de diversas regiões do Estado. O evento teve abertura com o Secretário de Cultura do Estado, Márcio Meirelles e participação dos professores e pesquisadores José Márcio Barros e Paulo Miguez.

Em diálogo direto com a Secretaria de Cultura do Estado e participantes convidados, os membros de associações, professores e gestores culturais expuseram questões de âmbito local e estadual.

Entre questões que me chamaram a atenção, recordo:

- O empenho mercadológico (o setor para grandes investidores).

Estamos caminhando para o mesmo buraco em que outrora fugimos?  (Paulo Miguez)

Grandes eventos, pautados e resguardados como difusores artísticos e culturais, obtém prioridades nas listas dos interessados em financiar ou patrocinar a arte. É que do ponto de vista dos empreendedores financeiros, a divulgação de logo-marcas das empresas que representam encontra em eventos de grande porte a projeção almejada.

O principal interesse do patrocinador não é promover a arte, proteger ou propagar a cultura de uma região. Seu empenho é evidentemente, em primeira instância, promocional.

Mas e o interesse do patrocinado? Mesmo com a finalidade de promover grandes festivais  a empresa patrocinada seria capaz de mapear as reais carências e necessidades dos cidadãos? Conseguiria focar o evento de modo mais eficaz, a ponto de contribuir para uma formação cultural mais abrangente na região em que atua?

A tentativa de obter respostas nubla meu entendimento.

A sensação (trata-se aqui do campo da abstração) é de que a profissionalização, mesmo em arte, ambiciona. E que os agentes culturais, atados, preguiçosos ou sem outras perspectivas, adequam-se aos mecanismos de trabalho disponíveis, providos ou geridos apenas por grandes corporações, o que consequentemente viabiliza a sustentação de uma ferramenta massificada. Isso põe em precipitação os agentes e faz com que, mesmo através da espetacularização das culturas populares e comercialização de uma arte meramente reproduzida, suas ações não atinjam determinados bairros, escolas ou centros de convivência das cidades, agastando-os numa tentativa ainda conceitual ou timidamente experienciada de inclusão social.

sábado, 7 de agosto de 2010

FESTIVAL DE INVERNO DE OURO PRETO E MARIANA 2010.

Dois homens trajados estranhamente e com um burro nas costas adentraram em um transporte público, R$ 1,70, com o intento de atravessar a cidade de um canto a outro. Uma mulher, acompanhada por marido, filhos e sorriso largo, sem titubeios exclamou a um dos homens do burro "Você estava na televisão... era você e uns meninos cantando, subindo nas costas dos outros, voando... A gente não fica sabendo das coisas senão a gente assistia".

Os dois homens explicaram a situação, falaram sobre o trabalho deles, informaram a respeito do Festival de Inverno e perceberam  interrogações nos semblantes alheios... Aos festejos.

A passageira do coletivo com destino ao Taquaral se referia ao cortejo "Somos todos Chico Rei", feito por moradores de Ouro Preto, que durante o Festival serviu como um presente da cidade para turistas, comerciantes da Rua São José e políticos reunidos na inauguração do terminal de ônibus da Praça da Estação.

Os dois homens, confusos e com outras interrogações, deram sinal ao motorista, desceram. Afinaram instrumentos, labutaram aos turistas e demais transeuntes nos estabelecimentos, praças, ufa! Mais um dia!

E refletiram sobre o aparato de um grande evento destinado ao. . .

Ao povo? Seria possível?

Seria?